A artista Tomie Ohtake (1913-2015) desde menina rabiscava e desenhava intensamente enquanto se dedicava à aprendizagem da caligrafia no Japão, seu país de origem. Veio muito jovem visitar um irmão no Brasil, não retornou mais. Casou-se, teve dois filhos, seu fazer artístico permaneceu insistentemente, contrariando o espaço doméstico reservado às mulheres de sua geração. Encontrou a possibilidade do desenvolvimento de sua linguagem no contato com o professor Keiya Sugano, no início dos anos 1950, e na participação no Grupo Seibi (uma associação de japoneses de São Paulo que teve como integrantes outros artistas abstratos muito importantes). Tomie trabalhou intensamente até seu falecimento aos 101 anos de idade, fez obras de grandes escalas em espaços públicos, como esculturas, e transitou pela gravura, pintura e desenho.

[PROPOSIÇÃO #7]



Tomie Ohtake (1913-2015) começou sua vida artística, no Brasil, com quase 40 anos. Esta obra, Sem título, do início dos anos 1970, é bem próxima de sua produção da década anterior, em que a artista começava a transformar suas formas figurativas em espaços de cor. Com seleção cromática reduzida, traços elaborados racionalmente, “friamente” - como dizia Tomie - criava formas orgânicas, que pensavam planos, ângulos e espacialidades. Tensão e dependência convivem nesta obra, como se o azul quisesse empurrar o amarelo (ocre) para fora, ao mesmo tempo em que as formas azul/amarelo se encaixam em estável junção.

Nesta proposta o exercício é experimentar superfícies de contato em convivência e tensão. A ideia é trabalhar esse equilíbrio do encontro, quase “em risco de separação”. Não é preciso escolher um material específico, pois este preceito pode se dar entre objetos, ou com o que sua imaginação permitir, pense no que tem em casa, o importante é buscar os passos em ordem:

1- Selecione um objeto, reflita sobre sua cor e forma: é vibrante, opaca, lisa, porosa? (...);

2- Busque outro objeto que possa encontrar-se com esse em um encaixe de formas, exercite em que parte isso se dá e em que parte não se dá; as cores, de um com o outro, devem trazer alguma instabilidade;

3- Faça uma foto, ou mesmo desenhe o que fez;

4- Repita quantas vezes considerar necessário com outros objetos que possam ser encontrados em casa.

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Obra: Tomie Ohtake | Sem título, 1970 | óleo sobre tela | 73 x 92,5 cm