As proposições do mês de junho dialogam com linguagens da arte por meio de brincadeiras com coisas da casa, fazendo da produção artística um ato de brincar.

Você já ouviu falar dos Gabinetes de Curiosidades? A partir do século XVI, muitos viajantes europeus que retornavam das terras colonizadas do além mar traziam com eles objetos, conchas, plantas, animais para serem empalhados, iguarias e muitos outros elementos considerados exóticos. Foi assim que começou a se formar na Europa o que conhecemos por Gabinete de Curiosidades.

Esses gabinetes eram espaços onde os nobres ricos europeus guardavam as “curiosidades”, iniciando, assim, a construção das salas de “arte e maravilhas”. Estas coleções foram aos poucos se transformando em objeto de pesquisa para cientistas e artistas. Nestes locais já podemos encontrar uma prática do que posteriormente se daria nos museus. Os gabinetes instituem memórias, todavia, não podemos esquecer, que estas foram sustentadas pela colonização. É possível criar outros com lógicas distintas?

Nesta proposta vamos montar gabinetes de afetos, que gerem conversas, histórias e tragam à tona memórias e descobertas familiares e pessoais. Colete objetos, fotografias, indumentárias, cartas, pequenas coisinhas que sejam repletas de apreço, determine um tempo suficiente para o acúmulo. Vá formando seu gabinete em um recipiente, pode ser uma gaveta velha de madeira, ou mesmo uma caixa plástica, esse processo pode gerar encontros e partilhas sobre histórias da família, de amigos, irmãos, namorados...

Quando seu gabinete estiver cheio, organize-o por relações de cor, natureza de materiais, texturas etc. Recorra a ele para escrever histórias, fazer desenhos, fazer fotografias, como os antigos cientistas e artistas faziam, e assim poderá transformar seus objetos de apreço em novas histórias, novas formas e ângulos.