Exposição

Paisagem e memória

Um olhar sobre a Coleção Roberto Marinho

15 Ago a 17 Nov

De terça-feira a domingo
das 12h às 18h
*Entrada até 17h15

R. Cosme Velho, 1105
Rio de Janeiro, RJ

Exposição

Paisagem e memória

Um olhar sobre a Coleção Roberto Marinho

15 Ago a 17 Nov

De terça-feira a domingo
das 12h às 18h
*Entrada até 17h15

R. Cosme Velho, 1105
Rio de Janeiro, RJ

Alberto da Veiga Guignard
Noite de São João (detalhe), 1961

Noite de São João (detalhe)

Um olhar sobre a Coleção Roberto Marinho

Considero importante na formação de um artista suas primeiras e primordiais experiências visuais e contatos com a representação artística. O universo de imagens e referências que recebemos quando crianças e jovens nos imprimem algo, que seguimos reciclando no decorrer de nosso processo como adultos.

Quando convidada pela Casa Roberto Marinho para realizar uma curadoria a partir de seu acervo, paralelo à minha exposicão individual na Casa, optei pelo caminho subjetivo e de afeto. Eu, nascida no Rio de Janeiro na década de 1960, procurei na coleção as minhas referências.

Nos anos de 1960 e 1970, havia poucas possibilidades de contato físico com a arte brasileira e internacional. Os fascículos de Gênios da Pintura, vendidos periodicamente nas bancas de jornal, eram uma fonte de [in]formação. Lembro-me também de um livro sobre Debret e outro de Guignard, que “moravam” no meu quarto e, por anos, habitaram minhas fantasias — o Rio antigo de Debret e as paisagens exuberantes de Guignard.

A paisagem urbana tropical do Rio, com sua espacialidade peculiar e a desordem da cidade estruturada por montanhas, azuis do céu e mar, curvas de enseadas e esquinas de onde brotavam surpreendentemente exemplares do modernismo brasileiro, com seus pilotis, muito concreto, e revestimento geométrico, também impregnou, por assim dizer, meu “inconsciente estético”.

Logo no começo de meu processo artístico, essa paisagem tão complexa se tornou objeto da minha pintura. Tenho a impressão de que, quarenta anos depois, vem daí meu esforço constante para tentar juntar, ajustar e justapor visualidades contraditórias no espaço da tela. É precisamente disso que se compõe esta exposição, uma colagem de memórias e afetos, ativadas, de uma maneira ou de outra, pelas obras que aqui se encontram.

Cristina Canale
Curadora
2024

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